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quinta-feira, 29 de março de 2012

Paulo Goulart na Revista São Paulo


O Grande Curioso

Apaixonado pelo século 19, Paulo Goulart pesquisa de tudo na história paulistana: da rede de águas pluviais à febre de colecionar figurinhas

por ANDRÉ LOBATO
Há 25 anos, Paulo Goulart, 57, lê, sem café nem lupa, jornais do século 19. "É meu passaporte para a fantasia", sorri. O hábito chega a ser diário dependendo da pesquisa que ele resolve fazer, que pode ser sobre temas tão variados quanto a trajetória da criação dos "jingles" e a rede de águas pluviais da cidade.

A predileção por esse século ­-no qual o Brasil entrou colônia e saiu potência regional- surgiu quando ele pesquisava o uso de recursos gráficos em jornais para a Secretaria Municipal de Cultura, onde trabalhava.

O levantamento burocrático se transformou em paixão e ganhou forma com o livro "Noticiário Geral da Photographia Paulistana" (Imesp-CCSP, R$ 75, 340 págs.), sobre a história da fotografia na cidade de 1839 a 1900. A obra lhe rendeu o troféu do 50º Prêmio Jabuti de Arquitetura, Urbanismo, Fotografia, Comunicações e Artes. Hoje, fica na sala de casa, em Vargem Grande Paulista (44 km ao sul de SP), com outros cacarecos antigos.

Paulo gosta de ser definido como um grande curioso. "Meu foco é uma viseira de 360º." A pesquisa inicial rendeu ideias para cerca de 40 projetos historiográficos. "Depois que ele ganhou o Jabuti, decidimos que esse material não pode ficar atrás das prateleiras", afirma Marisa de Paula Souza, 59, sua mulher.

Os documentos estão organizados em grandes estantes. "Aqui não tem nada da semana passada", conta ela. Além dos jornais, outras fontes de informação para seus projetos são livros, fotografias, documentos, partituras musicais e discos.

Algumas pesquisas são vendidas como brindes corporativos pela editora do casal, a A9. Outras viram livros como "Música e Propaganda" (A9, R$ 65, 120 págs.), lançado em agosto, que retrata a gestação dos "jingles" publicitários no país. Lojas encomendavam melodias e as distribuíam com o nome de suas marcas.

Se o surgimento da propaganda foi melódico, a construção do viaduto do Chá representou debate público ruidoso. Não fosse a ousadia do francês Jules Martin, conta o pesquisador, dificilmente o projeto sairia do papel. A história desse "super-empreendedor" da época também está na gaveta de futuros projetos.

Em breve, Paulo pretende lançar mais dois livros, um sobre a febre de colecionar figurinhas -que, no início, vinham com imagens de navios, mulheres com pouca roupa e figuras ilustres- e outro sobre o nascimento do brinde comercial.

Pai de dois filhos e leitor de um tipo de jornal com poucas fotos e muitas letras miúdas, Paulo diz que a curiosidade se revela na minúcia. "Às vezes, é na última palavra que está o que interessa."

fonte: Revista São Paulo edição nº 88

Um comentário:

  1. Conheço esse figuraça há muuuito tempo. Sem dúvida um 'curioso das coisas', sempre com ideias inovadoras e projetos arrojados. Que bom quando vemos pesquisadores com espaço na mídia, é um estímulo e tanto para os atuais e futuros pesquisadores desbravarem seus infinitos caminhos.
    Parabéns Paulo, tenho muito orgulho de você!
    Jorgete

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